A intervenção urbana é uma manifestação artística que usa o espaço cotidiano social como alvo de reivindicações a partir de singelas e importantes perceptivas sobre a realidade. Esse tipo de ato artístico não possui um objetivo finalista, ou seja, um retorno que apresente se atividade foi positivo ou não, pois o estilo (se é que podemos considerar um estilo) desta intervenção urbana é semelhante ao dadaísmo, por não haver um resultado e sim, um lançar para a massa um olhar reflexivo e crítico sobre a realidade no qual estão os sujeitos alvos estão inseridos. É um ato que pede um momento para uma reflexão necessária sobre o mundo em que vivemos hoje.
Aqui no Brasil existem alguns grupos que já fazem esse tipo de intervenção, podemos encontrar uma dessas intervenções nas estações do metrô de São Paulo, são poemas que convidam os passageiros a saírem da correria angustiante à viajarem sobre as palavras que arquitetam uma poética subjetiva que, sempre está relacionada ao próprio sujeito que lê atenciosamente, produzindo nesse indivíduo uma breve e passageira reflexão criando um novo olhar (mesmo que momentâneo). É através dessa intervenção apresentada que foi pensando em uma ação urbana dentro da estação Sé do metrô paulista, como em algumas estações existem um convite a um olhar para dentro, ou seja, um navegar poético sobre as mais variadas sensações oferecidas pelos poemas expostos nas paredes escuras, frias e úmidas, o objetivo desta intervenção urbana será em lançar para a massa de passageiros das 18h da estação de metrô Sé o acesso ao olhar externo e interno, ao movimento do rosto, do pescoço causado pela chuva de Bolhas de sabão constituída por matizes de cores de infância, adolescência, maturidade, velhice, de vida.
A Bolha de São, que fez e faz parte de tanta infância singela, este elemento será lançado sobre a multidão de trabalhadores, estudantes, passageiros que voltam para casa ou que estão à caminho da faculdade para construir as suas vidas, mas que estão totalmente estressados e cansados inconscientemente (ou não) do sistema que fazem parte, por este motivo será proposto esta intervenção, pelo fato de que as Bolhas de sabão possuem o poder de oferecer um sentimento singelo e nostálgico e a escolha da Estação da Sé como ponto de reflexão é totalmente importante por capacitar em horário de pico 100 mil passageiros, passageiros que pensam, choram, gritam e sofrem por estarem envoltos de muitas pessoas, mas ao mesmo tempo sozinhos subjetivamente, por este motivo se faz necessária a prática ativa desta intervenção urbana tão linda e cheia de graça nostálgica. O acesso ao resultado da intervenção como foi dito não será possível justamente por não existir um resultado coletivo e sim pessoal, a finalidade da atividade é um parar para a troca de boas lembranças e através disso perceber que podemos sim compartilhar através do diálogo, da troca de olhares, sorrisos, gracejos tudo aquilo que temos guardado dentro da nossa memória, utilizar o espaço social não só como uma ponte de passagem, mas um local onde seja possível a compartilha de trocas e principalmente de amizades, contato com o outro, mesmo que passageiras.
Justificativa Reforçada
A justificativa foi muito bem lançada poeticamente pela Educadora Annelise Faria, e será através dessa justificativa que atingiremos o objetivo desta admirável e necessária intervenção urbana.
Triste não é trabalhar todos os dias.
Triste não é pegar o metrô lotado e ainda chegar tarde ao trabalho.
Triste não é esbarrar em mendigos no centro da cidade de São Paulo.
Triste não é se sentir sozinho, mesmo com tanta gente a nossa volta.
Triste não é a ausência do trabalho.
Triste é ser bolha de sabão.
Tão linda...
Enche os olhos da gente de alegria.
Mas quanto tempo dura uma bolha de sabão?
Somente o feliz tempo de uma curta existência!
Triste não é pegar o metrô lotado e ainda chegar tarde ao trabalho.
Triste não é esbarrar em mendigos no centro da cidade de São Paulo.
Triste não é se sentir sozinho, mesmo com tanta gente a nossa volta.
Triste não é a ausência do trabalho.
Triste é ser bolha de sabão.
Tão linda...
Enche os olhos da gente de alegria.
Mas quanto tempo dura uma bolha de sabão?
Somente o feliz tempo de uma curta existência!
Annelise Faria
As relações que temos na cidade nos constrói e devemos dar um retorno à ela. Alegrar qualquer triste... Imagina uma mulher triste, que acaba de ser deixada pelo marido, tomou uma bronca do chefe porque chegou atrasada no trabalho. Mesmo ela querendo que a vida desse uma simples pausa, a vida não lhe deu... Triste esperando o ônibus passar, ela olha para frente e vê lindas bolhas de sabão... Coloridas. Se lembrar da sua infância, lembrar da infância pode ser uma doçura... Ver bolhas de sabão pode ser uma doçura.
Material
· Brinquedo que produz Bolhas de Sabão.
· Sopro.
· Câmera Fotográfica, Filmadora para o registro e documentação da Intervenção.
· Sensíveis Seres Racionais.
Texto: André Bispo e Annelise Faria.
Ideia Original: Annelise Faria.
Ideia Original: Annelise Faria.
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