Santiago do Chile
Santiago
é uma cidade belamente frenética, a estrutura da capital é semelhante a nossa
terrinha da garoa, repleto de catedrais, igrejas colossais escoltadas por
antigas construções que se mistura com grandes edifícios futuristas. O que
diferencia Santiago de São Paulo é a modesta organização e principalmente a
quantidade de verde espalhado pela cidade, com certeza devido a grande
quantidade de parques bem cuidados e graciosos. Suponho que esse verde que se
mistura com a forte névoa (sem muita poluição) da cidade deixa as pessoas mais
leves, educadas e principalmente próximas umas das outras, não que em São Paulo
as pessoas não sejam próximas, mas sinto que o distanciamento causado pela
correria frenética é inferior em Santiago do Chile (possui em torno de 5
milhões e meio de habitantes); eu gosto sempre de dizer o quanto é importante
se perder por entre as ruas, cair no meio da multidão, porque é deste modo que
conhecemos bem o movimento cultural e também sentimos o calor humano do lugar
onde estamos conhecendo.
Eu
fiquei na capital do Chile por apenas dez dias e percebi que é dificílimo
desvendar os mistérios dessa cidade cercada pela cordilheira dos Andes em uma
única viagem, mas impressões, alguns fragmentos de conhecimento permanecem; por
meio disso eu resolvi tirar da minha bagagem de lembranças subjetivas trazidas
de alguns lugares do Chile e compartilhar aqui, então, por favor, se você
conhecer o Chile e perceber que as suas impressões foram diferentes das minhas,
compartilhe comigo, pois sinto que cada pessoa sente a cidade, o lugar de modo
diferente, mas com pitadas de similaridade. Eu passei, além de Santiago, alguns
dos poucos dias que eu possuía em Valparaíso
e Viña del Mar, contudo vou começar a
compartilhar por Santiago por ter ser sido a minha principal porta de entrada do
Chile.
Santiago,
como já foi mencionado é uma cidade hermosa, a quantidade de centros culturais,
parques e principalmente museus é extremamente numerosos, similar à cidade de São
Paulo. Eu desembarquei no Aeroporto (Aeroporto
Internacional Comodoro Arturo Merino Benitez) às 01h45 da madrugada, como a
passagem estava bem em conta, eu resolvi optar por dormir no aeroporto e
aguardar o ônibus que nos deixa exatamente no centro de Santiago, isto é,
próxima às estações de Metrô e também ao terminal rodoviário que fica bem próximo
à estação central de trem. A empresa de ônibus mais popular, que faz o trajeto
Aeroporto-Santiago é o Centropuerto, a passagem custa por volta de CL$
1,300[1]
pesos (equivalente à RS 5,50) e a viagem dura em torno de 30 a 40 minutos;
agora para os apressadinhos o serviço de táxi é bem interessante, assim que os
passageiros saem da sala de desembarque surgem milhares de taxistas oferecendo
o serviço com plaquetas anunciando o destino nas mãos; em Santiago o preço
cobrado pelo serviço é bem justo, o taxímetro sempre começa marcando o valor de
CL$ 250 pesos (equivalente R$ 1,05), a partir daí, a cada 200 metros é cobrado o
valor de CL$ 100 pesos (equivalente a 0,42 centavos), contudo, é válido tomar
um taxi no próprio aeroporto, se estiver acompanhado é melhor ainda, porque dividindo
o valor sai muito mais em conta.
Chegando
ao centro de Santiago, (depois de ter localizado seu hostel[2], se
tranquilizar, etc.) é interessante fazer o pedido do cartão bip, que
possui a mesma função do o nosso bilhete único, é necessário obtê-lo porque o
pagamento de passagens só é possível por meio deste cartão eletrônico tanto no
metrô quanto no ônibus, para adquirir o cartão bip é só chegar a um guichê do
metrô e pedir por meio de uma recarga mínima de CL$ 300 pesos (R$ 1,25). Uma
coisa é interessante saber, o valor da passagem do metrô é variável de acordo
com o período do dia, em horário de pico o preço custa bem mais caro, para
evitar a superlotação de passageiros, eu me transportei pouco de metrô e ônibus,
andava mais a pé, mas para quem não gosta muito de longas caminhas (muito) é
bom prestar atenção nisso, nos pontos de ônibus e nas estações de metrô existem
avisos alertando sobre os horários e preços das passagens.
Plaza de Armas (Centro
de Santiago, Estação Plaza de Armas do metrô) é um dos principais point’s de
Santiago, tanto cultural quanto histórico, precisamente por ser o local onde a
cidade foi fundada. Na praça é possível observar muitos artistas, (e astrônomos
que cobram 300 pesos para observação dos astros) que expõem e vendem os seus
trabalhos; na região também está a Catedral
Metropolitana de Santiago e seus cachorros; é impressionante a quantidade
de cachorro solto por toda a cidade, se fizer-lhes um carinho cuidado, terás um
companheiro seguidor para todo sempre, só na catedral eu esbarrei com cinco
cães (no Bairro Bellavista eu fiz um cafuné na cabeça de um cãozinho preto, ele
me seguiu até Av. O’Higgins[3],
eu já estava desesperado por não saber como me perder da vista do animal, rs); na Praza de Armas também estão localizados o
edifício dos Correios e o Museo Histórico Nacional, o acervo desse
museu é muito atraente porque narra à história da formação de Santiago e também
do Chile, o acervo é enorme. Bem ao lado do Museo Histórico Nacional existe um ponto de informação turística, é
conveniente passar por lá e pedir algumas informações, dicas seguras e
principalmente um mapa
não só de Santiago, mas também de cidades vizinhas, caso seja do interesse
conhecer as cercanias. Nas ruas em direção à Santa Ana (metrô) estão, o Ex-Congresso, Tribunais de Justiça e o Museo
Precolombino (todos estavam fechados para reforma e vistoria por causa do
terremoto de 2010).
Umas
das passagens que cutucou a minha atenção em Santiago foi a formosura dos
Paseos[4] da
cidade repletos de lojas, árvores com galhos e folhas secas, banheiros públicos
(cobrado para utilização por volta de CL$ 300 pesos) e principalmente a
quantidade de pessoas de diferentes lugares, os Paseos mais conhecidos são:
Compañia de Jesus, Huerfanos e o Paseo
Ahumada, nesta última existe uma sorveteria chamada Bravíssimo, vale a pena conhecer e degustar os sorvetes de frutos
da região. Bom, ainda no Paseo Ahumada, seguindo ela até o fim chega-se Av.
O’Higgins, ali é possível ver a Universidade
de Chile (do outro lado da Av., um grande edifício amarelado), virando e seguindo
à direita localizamos o Palácio La
Moneda[5]
e no mesmo lugar, no piso subterrâneo está situado o Centro Cultural La Moneda, onde existem várias exposições e
lojinhas de souvenires, ao lado do Palácio está à iluminada Torre da Entel, ah! Antes que eu me
esqueça, ao lado da Torre existe uma feirinha de artesanato regional e rippie,
comprei muitas cositas ali com preço bem justo.
Seguindo
mais adiante (dá para seguir de metrô, mas indo a pé suponho que seja bem mais
interessante porque o conhecimento vai se enriquecendo) na Avenida da Torre da
Entel (av. O’Higgins) encontramos o terminal e a estação Los Heroes, é neste
terminal que partem os ônibus rumo ao aeroporto, seguindo ainda mais adiante,
próximo a estação república do metrô existem vários barzinhos com arquiteturas
bem diferentes, eu não entrei em nenhuma, apenas passei em frente e fiquei
observando o movimento, mas acredito que seja muito interessante conhecer,
seguindo bem, mas bem mais adiante está a Estação
Central[6]
onde está situado o terminal de ônibus
San Borja, ali perto, mais precisamente próximo a estação do metrô Universidade de Santiago existe outro
terminal rodoviário, o Terminal Alameda de onde partem ônibus para todas
as regiões do Chile, foi neste terminal que eu peguei um ônibus rumo a Valparaíso
e Viña del Mar, ele é bem referencial em Santiago.
Agora
voltando à saída do Paseo Ahumada, virando e seguindo à esquerda, do
outro lado da av. está localizado a simbólica Iglesia de San Francisco e ao lado dela está o Museo Colonial (que pra mim é um Museu de Arte Sacra, porque o
acervo é constituído de imagens e pinturas sacras, a maioria produzida por
artistas chilenos). Atrás do Museo Colonial, existe uma rua fantástica, a rua
chama-se Londres que é o caminho de entrada para o Barrio Paris Londres, a região é simplesmente fabulosa, muy
hermosa, no começo da rua existe um Memorial localizado no nº 38, em suma a
casa chama-se “Londres 38” onde cuja
residência foi ponto de tortura e execução no período chileno (por volta de
1973), a casa é pequena, mas eu fiquei um bom tempo ali, lendo e refletindo
sobre alguns problemas sociais e direitos humanos, enfim, é muito conveniente
conhecer.
Voltando
para Av. O’Higgins, seguindo à diante (é possível já notar de longe) está o Cerro Santa Lucía,
esse lugar é incrivelmente mágico e misterioso, a sensação é diferente, não
consigo explicar aqui por meio de palavras, mas acredite, é diferentemente
mágico e encantador. O Cerro está situado bem próximo a Estação do metrô Santa Lucía, eu recomendo que se visite o Cerro no
período da tarde (a partir das 15h30), porque o pôr do sol (que se inicia por
volta das 17h30) tempera a vista de Santiago, deixando-a incrivelmente
admirável, a Cordilheira dos Andes e
o tapete de concreto formado pelos edifícios que vemos do mirante (ponto mais
alto do Cerro) ficam banhadas por uma cor bem alaranjada, as Cordilheiras mudam
de tom diante dos nossos olhos, em um passe mágico, é incrivelmente encantador,
fora que durante a subida existem vários pontos interessantes de se contemplar.
No entorno do Cerro (ao lado do metrô) está localizada a Biblioteca Nacional de Santiago, é atraente entrar não só para
conhecer o seu interior, mas também ver as exposições temporárias que ficam
expostas durante algum tempo, existem profissionais que conduzem uma visita,
caso seja necessário, pois em algumas áreas da Biblioteca Nacional só é
permitida entrar com um acompanhante da casa.
Eu
suponho que no Cerro de Santa Lucía é ponto final (ou não) de marchas de
protestos, eu consegui presenciar uma das manifestações de estudantes da
Universidade de Chile, eles começaram ali na região e seguiram a calle
Miraflores. Do outro lado da Av. O’Higgins, em frente ao Cerro tem outra feira
de artesanato, essa possui maior variedade de preços e de artigos artesanais,
fora que é um dos pontos de passagem de muitos turistas, por estar perto do
Cerro, da estação do Metrô e dentre outros pontos culturais da região.
Continuando
o percurso sentido Av. O’Higgins, está a Universidade
Católica de Santiago (a PUC de lá), é interessante entrar e consultar a
programação cultural porque é possível encontrar não só filmes interessantes,
mas palestras que podem enriquecer o conhecimento acadêmico, só tem um
probleminha chato, a universidade não aceita carteira de estudantes
estrangeiros (vale a pena consultar a programação pelo site antes da viagem),
isto é, o valor da entrada para qualquer evento é integral. Mais um pouco à
frente, do outro lado da Av. existe uma lojinha de objetos artesanais e cositas
bem interessantes do Chile, mas é um pouco caro, mais à frente está o Centro Cultural Gabriela Ministral, esse
lugar é fantástico, ele possui um teto superinteressante, parece que encubaram
o arco-íris e revestiram o teto do espaço, pois ele é um grande mosaico todo
colorido que fica irradiante com a passagem dos raios de sol; lá também existem
várias exposições, eu consegui ver uma mostra bem interessante sobre o Walter
Benjamin, a entrada é livre.
Ali
no entorno do Centro Cultural Gabriela Ministral existe uma ruazinha muito
graciosa chamada Lastarria que dá no Bairro
Lastarria, nesta rua existem vários barzinhos, feirinhas e lojinhas retros
(bem caras), mas vale muito a pena se perder por ali e observar as fachadas das
lojas e dos barzinhos, são todos bem criativos em estilo europeu, as plantas
vestem quase que todos os telhados e fachadas, incríveis. Saindo desse pequeno
bairro. Logo no final da rua está o Parque[7]
Forestal (metrô Baquedano), esse parque é incrivelmente atraente, o que
despertou a minha atenção foi à quantidade de casinhas para os cachorros que
vivem nas ruas de Santiago, as moradas dos caninos ficam espalhadas pelo parque,
é claro perceber que a cultura existente na cidade de preocupar-se com os cães
de rua é completamente diferente de outros grandes centros, em Santiago eles são
alimentados com ração apropriada (assim percebi não só no parque, mas também em
algumas fachadas de comércio), ganham roupas por causa do intenso frio e tem
direito à moradia, recebendo casas em parques e praças, uma coisa curiosa é que
a maioria dos cachorros da cidade é de raça pura ou mestiça (labrador, Rask
Siberiano, Collie, entre outros).
Caso
tenha pique de caminhar e contemplar o parque até o final chegará ao Mercado Central de Santiago[8]
(confesso que não curti muito, pois é um pouco transtornado, entrei e me senti
constrangido, parecia que eu estava atrapalhando, pois as pessoas (a maioria
turistas) entram para comer, a locomoção é bem limitada e os garçons saem
atropelando todos que estão por perto por conta da correria). Logo ao lado do
Mercado Central está o famoso bar La
Piojera, muitos entram nesse bar a fim de provar as bebidas típicas do
Chile, o Terremoto e Chicha, eu não entrei para conhecer, bom, nas proximidades
está o Centro Cultural Mapocho, antiga
estação ferroviária Mapocho, seguindo pela ponte do Rio Mapocho está o Bairro Patronato (estação do metrô
Patronato), o bairro é bem agitado, eu confesso que não gostei muito, pois
achei um pouco sujo visualmente falando, o ambiente lembra muito o nosso bairro
do Brás (não por causa da poluição visual), devido a grande quantidade e
variedade de comércio de roupas e calçados, o preço é muito, mas muito em conta
mesmo! Voltando ao Parque Forestal, ele também está perto da estação Bellas
Artes do metrô, onde está centrado o Museo
de Bellas Artes e o MAC (ambos situados
no mesmo edifício).
O
Famoso bairro Bellavista
está bem próximo ao Parque Forestal, é só atravessar umas das lindas pontes em
estrutura de ferro do Rio Mapocho (principal
rio da cidade, considerado a espinha dorsal de Santiago) e se perder do outro
lado. Para quem gosta de bares e conhecer gente nova esse é o lugar, eu resolvi
ficar vagando por ali e fotografar algumas fachadas dos bares, casas e ruas; é
gostoso se perder por ali, o bairro é bem tranquilo e gostoso de admirar,
existem alguns hostels também. É interessante ir prestando atenção nas placas
(pois o Cerro San Cristobal está por ali), porque as ruas parecem um labirinto
por causa da quantidade de cruzamento. O Cerro
San Cristobal é fabuloso, no topo do cerro contém a
grande imagem de La Virgem Maria, em seu interior está o gracioso Santuário da Imaculada Conceição. Existe
a opção de subir a pé (9 km) ou de Funicular, o preço da boleta de entrada é
$1.800 (ida e volta é = $3,600), eu comprei uma só porque resolvi subir de Funicular
e descer a pé os 9 km, é atraente descer a pé porque durante a descida encontramos
uma incrível vista da cidade de Santiago e principalmente da Cordilheira dos
Andes, e, além disso, existem vários parques, bosques e espaços culturais que
fazem parte do Parque Metropolitano de Santiago e funcionam como ponto de parada
para descanso e contemplação.
O
Rio Mapocho que divide Santiago do Bairro Bellavista, é muito atraente
observá-lo à noite porque a iluminação presente ao longo de sua extensão e
também em suas pontes o deixa ainda mais belo, eu consegui ver o trabalho do Museo Arte de Luz que expõem projeções
de grafites que revelam não só sobre um pouco sobre a história do país, mas
também sobre direitos humanos, todas as imagens são projetadas sobre as águas poluída
do Rio Mapocho.
O
Barrio Yungay
está bem próximo à estação do metrô Quinta Normal e também próximo ao bairro
Brasil (é muito hermoso, com vários casarões, palmeiras, entre outros
atrativos), é um ambiente bem diferente, talvez por causa da tranquilidade, as
construções coloniais que também se misturam com arquiteturas em estilo europeu
e até norte americano, expondo toques de modernidade. Eu saí do centro de
Santiago (Plaza de Armas) rumo ao Barrio Yungay a pé, seguindo pela Rua
Catedral chega-se no Museo de La Memória
e Derechos Humanos que expõe uma importante reflexão não só sobre a
condição humana, mas igualmente sobre a dignidade do homem, se baseando na Declaração Universal dos Direitos Humanos,
logo em sua entrada estão expostas as Leis que formal a declaração criada pela
ONU em 1948, realmente este lugar é incrível, seu acervo também é enorme. Ali
por perto está o Museo de La Educación,
na Rua Compañía de Jesus com a Chacabuco, este eu não consegui visitar por
causa do horário de funcionamento.
A Comida não aguçou
muito o meu apetite, pois confesso que também como com os olhos, o tradicional chorrillana
eu nem cheguei a experimentar, esse prato é uma enorme porção de batatas
fritas, carnes e dois grandes ovos fritos em cima, o visual não me aguçou, eu
me alimentei muito de pratos vegetarianos e principalmente de frutos do mar,
por fazer parte da mesa cotidiana dos chilenos, come-se muito bem em Santiago,
pagando pouco (no maximo CL$2000 pesos). Quanto aos temperos eu percebi que
eles usam muito o coentro e principalmente pimenta, como eu gosto dos temperos
não tive problema nenhum. Ah! Outra iguaria que eu sempre devorava eram as
empanadas, é uma delicia, a massa é leve e muito gostosa, os sabores variam, eu
sempre comia de queijo ou pino (tomates e frutos do mar), com vinho então, fica
melhor ainda.
Villa Grimaldi[9]
é lugar bem agradável, possui uma linda paisagem e para aperfeiçoar a atração
do lugar, o parque possui uma sensação carregada de mistério, melancolia e
principalmente de vazio. Por volta de 1974 a Villa era o principal e desumano
centro secreto de tortura e execução de presos políticos dentre homens e
mulheres (uma delas estava grávida), em cada ambiente do espaço está disponível
parte da história que essas pessoas vivenciaram ali na época, é uma espécie de
memorial que decifra a degradação dos direitos humanos causado pelo sistema
político do período; em 2004 o espaço foi tombado como Monumento Histórico. O
Parque está situado em Santiago no Barrio Peñalolén, a minha chegada ao lugar
foi cansativamente intensa porque eu resolvi pegar o metrô no centro (é bom ter
o mapa porque existem algumas transferências em linhas distintas por cores,
como em São Paulo) e descer na estação Plaza Egaña, que está pertinho da Av.
José Arrieta e ir caminhando até a Villa Grimaldi, no total foram 3,6 km
acompanhados de um intenso calor e uma admirável vista da Cordilheira dos
Andes; para quem deseja fugir da caminhada o trajeto pode ser feito de ônibus
(linhas 513 ou D09, o ponto fica bem de frente a Villa) ou de taxi.
Bom,
eu não curto shoppings, mas lá em Santiago existe um bem famoso, o Shopping Parque
Arauco situado no Barrio Las Condes,
próximo ao metrô Escuela Militar, eu percebi que a região é bem voltada ao
público com mais grana, porque o lugar é repleto de grandes lojas, restaurantes
e baladas bem mais caras, enfim, eu fui até a região para negociar com uma
agência a possibilidade de conhecer e sentir de perto a Cordilheira dos Andes.
A agência Skitotal me cobrou $37.000 (achei bem caro) pesos para passar o dia
em alguns centros de Ski, Valle Nevado, El Colorado / Farellones.
O
Valle Nevado,
considerado o maior de todas as outras estações de esqui, é friamente
encantador, lindo mesmo, eu fiquei horas e horas contemplando as montanhas
cobertas de gelo, me divertindo sozinho, eu me senti como um pequeno inseto
pousado em um gigante bolo gelado com cobertura de chantilly. A subida é uma
intensa terapia visual, conforme o carro vai subindo, torneando as montanhas,
os nossos olhos ficam estáticos com a quantidade de riachos, diferentes tipos e
estruturas de casas, cactos, rochedos naturalmente esculpidos, nuvens e grandes
blocos de gelo pousados no chão, a atura da cordilheira atinge cerca de 3000
metros em nível do mar, é bem alta. O que decepciona um pouco em Valle Nevado é
a quantidade de hotéis, restaurantes e construções em andamento que tumultuam o
ambiente, as construções são belas, mas não superam a beleza das montanhas dos
Andes banhadas de gelos com pitadas de raios do sol. Outra coisa que desaponta
profundamente é o alto preço das refeições, em Farellones paguei por uma
deliciosa tigelinha de sopa de frutos do mar com tomates secos exatamente $9000
pesos, o total ad refeição atingiu $15000 pesos por causa de uma garrafinha de
água e um copo de suco de laranja, sendo que, no centro de Santiago com $3000
pesos come-se muito, mas muito bem, com direito a petiscos que acompanham o
prato e um copo de suco de laranja (em alguns lugares eu recebi uns agradinhos
por ser Brasileiro, rs). Em El
Colorado eu percebi que a concentrarão de chilenos é maior
por ser um local onde existem muitos moradores e casas disponíveis para aluguel
em altas temporadas, lá eu consegui ver a fraquinha chuva de neve, foi bem
interessante observar a estrutura que eles fazem para driblar o perigo de acidentes
causado pela neve e também pelo frio.
Valparaíso
é um ambiente sereno e admirável, incrivelmente movimentado por metrôs,
trolleybuses (trólebus), vendedores de iguarias, tudo constituído de paisagens
naturais, belos grafites, mar, e muitas cores que escoam pelas grandes
montanhas por meio das numerosas casinhas assentadas no local. De Santiago
(Terminal Alameda – Estação Universidade de Santiago do Metrô) até Valparaiso
pela empresa de ônibus Tur-Bus a passagem custa em torno de C$2.400 pesos, a
viagem dura em torno de 2 horas e o trajeto além de tranquilo é visualmente
atraente, pois a quantidade de pés de uva e fábricas de vinho é numerosa,
realmente chama atenção. O Terminal de Valparaíso (Terminal de Valpa) está situado no centro, é gostoso caminhar
bastante pela região (mas é uma região bem estranha, um pouco poluída
visualmente e bem agirada) para conhecer o porto de perto, e as grandes
construções espalhadas pela pequena cidade. Como o lugar é constituído de
grandes morros, existe um Funicular “grafitadamente” colorido que transporta as
pessoas oferecendo uma incrível vista da cidade, mar e principalmente das
casinhas coloridas até a parte alta da cidade. Desembarcando do bonde, cai-se em
uma singela praça com coretos e muitos bancos de frente para a colorida vista
de Valparaíso, logo ao lado está o Museo
Naval e Marítimo (estava fechado), mas o gostoso é andar pela cidade, se
embocar por entre os becos e contemplar as construções, o movimento da cidade e
curtir as carícias dos cachorros de rua que nos recepcionam em muitas vias de
Valparaíso.
A
quantidade de Museos também é grande, não foi possível visitar muitos por causa
do tempo, mas eu consegui chegar até ao topo da montanha e conhecer a graciosa Casa-Museo do poeta Pablo Neruda[10],
este espaço é incrivelmente belo, ele possui uma mega vista privilegiada do
Oceano Pacifico (não é a toa que o poeta escolheu o lugar para conseguir mais
inspiração), cada parte da casa tem um pedacinho do poeta, nesse museu eu
consegui pagar meia; nele não é permitido fotografia em nenhum ambiente da
casa, somente na área externa, mas as lembranças são prova de que o registro
subjetivo supera o registro feito através da câmera fotográfica, pois podemos
acessá-la em qualquer lugar e qualquer momento, até em sonhos. No entorno da
Casa do Pablo Neruda existem algumas casinhas (residenciais; então cuidado ao
fotografar) lindas de observar, na região também estão assentados as estátuas
dos Poetas chilenos, Pablo Neruda e Vicente Huidobro. Eu não almocei no local,
deixei para comer em Viña del Mar, mas eu percebi que existem muitos bares e
restaurantes em várias partes da cidade, existe um lugarzinho que muitas
pessoas paravam para almoçar, o restaurante Bijoux
RestoBar (rua Abtao, entre as ruas Concepción e Templeman).
Viña del Mar
fica ao lado de Valparaíso, é um ambiente cheio de museus, parques, castelos e
praias. Para chegar à Viña del Mar (de Valparaíso) existem algumas opções (ônibus,
metrô, taxi, entre outros) práticas que não impedem de chegar à cidade dos vinhedos. Chegando a Vinã Del
Mar somos inicialmente recepcionados pelo cintilante Mar, por esse motivo a
Praia Reñaca (outro litoral famoso de Viña del Mar é a Praia Concón) foi o meu
primeiro ponto de parada, fiquei umas três horas andando e admirando o mar, o
sol, as rochas e os grossos grãos de areia e principalmente os gritos dos
pelicanos que saiam em disparada sempre que eu me aproximava, e claro, não
faltou o pequeno ritual e um importante mergulho (somente os pés) no Oceano Pacifico. Como os restaurantes
que margeiam a praia são voltados para turistas, eu resolvi me saciar em um “saudável”
fast-food para fugir dos altos preços.
Saindo
da região praiana fui direto para o Museo
Fonck, o acervo apresenta por meio de peças arqueológicas e etnográficas as
múltiplas etnias que habitaram o Chile, ao lado do Museo Folck está o Palácio Carrasco construído em estilo francês,
atual Centro Cultural, Biblioteca Benjamín Vicuña Mackenna e o Arquivo Histórico de Viña del Mar, fora
que a rua Libertad
é encantadora, nas calçadas existem fileiras de árvores plantadas com troncos
fabulosos, formando uma agradável paisagem terapêutica. Para voltar a Santiago
é só pegar um ônibus que deixa em frente ao Terminal Rodoviário de Viña Del Mar
(O terminal de ônibus fica de frente ao Shopping de Viña del Mar, eu tive que
entrar nesse shopping para utilizar o banheiro, porque nos terminais
rodoviários cobra-se $200 pesos para utilização), o retorno é muito tranquilo,
as paisagens repletas mar, árvores, plantações e pôr do sol (dependendo do
horário, é claro) são ainda mais belas e funcionam como um importante descanso.
Este
breve relato traduz parte das minhas sensações, impressões e pontos de vista
adquiridos em um curto, mas grandioso período em que estive acolhido por
Santiago do Chile, realmente é um mundo que deve ser visitado novamente, pois
em uma única passagem não é possível desvendar parte dos mistérios e encantos
que ela esconde por entre a Cordilheira dos Andes. É atraente sempre ter em
mente que os países que nos cercam são os nossos vizinhos, nossos hermanos
geográfico, portanto é importante, sempre que possível fazer algumas visitas,
para não só manter a política da boa vizinhança, mas reforçar as trocas
culturais e principalmente romper com o estereótipo que existe atualmente, ou
seja, que nós (brasileiros) não fazemos parte do grupo de latinos
sul’americanos, talvez por existir uma língua distinta que nos “separa”.
Fotos no Flickr: http://www.flickr.com/photos/andrebispo/sets/72157631214152134/
[1] A moeda chilena é bem diferente
da moeda brasileira por causa da quantidade de zeros, mas no final das contas o
custo é equiparado ao real de SP. Uma colega me ensinou fazer um calculo
interessante “O cálculo arredondado é fazer o valor em pesos vezes 4, menos
três zeros no fim, aí dá o correspondente em reais. Por exemplo, um hostel por
10.000 pesos vale mais ou menos 40 reais”.
[2] Eu fiquei no Hostel Plaza de
Armas (http://www.plazadearmashostel.com/), é um pouco caro porque fica
localizado na Plaza de Armas, bem do lado do metrô, acesse o site e compare os
preços.
[3] Percorrendo toda essa avenida a
pé se conhece muitos pontos importantes de Santiago, pois é a principal avenida
da cidade.
[4]
Os Paseos parecem grande
calçadões, na verdade é, mas cuidado, porque existem ruas que cortam os Paseos,
a sinalização é tão discreta que mal da para perceber, então fique atento as
faixas e aos faróis.
[5] O que chama atenção no Palácio
La Moneda de vários turistas é a tradicional cerimônia feita pelos
carabineiros, é uma espécie de troca de guarda presencial repleto de música,
troca de marchas milimétrica e desfile na avenida, A troca da guarda ocorre a
cada dois dias, pontualmente às 10 horas da manhã. É bom que você confirme a
data exata da troca antes de acordar cedo e ficar esperando na frente do La
Moneda, e acabar não vendo nada.
[6] Nela possui algumas agencias que
fazem passeios turísticos. A sua estrutura de foi construída com a mesma da
Torre Eiffel e lembra um pouco a antiga Estação ferroviária Mapocho, atual
Centro Cultural Mapocho.
[7] E por falar em Parque, eu fiquei
horas, sentado na Plaza Bicentenário, o chafariz de lá é bem grande e possui
uma iluminação fantástica, fora que o lugar é ponto de concentração de adolescentes
que saem da escola e ficam por ali, esse Plaza está situada na estação Salvador
do metrô.
[8] Estação Puente Cal y Canto do
Metrô.
[9] É um dos poucos espaços de
visitação que está aberto às Segundas-feiras (De Segunda a domingo, das 10h às
18h), porque a maioria dos museus funciona de terça a sexta, igual em SP.
[10] O Serviço Educativo
disponibiliza áudio-guia para estrangeiros em Inglês, Português e Francês, para
adquirir é só pedir, deixando um documento da recepção, o áudio vai mediando as
informações sobre o acervo em todos os cômodos da casa.